Poços da olaria - Bairro Bom Jesus - Manhã de sábado- Outubro de 2008
3 comentários:
Anônimo
disse...
Cidadão
Tá vendo aquele edifício, moço? Ajudei a levantar Foi um tempo de aflição, era quatro condução Duas pra ir, duas pra voltar Hoje, dele pronto Olho pra cima e fico tonto Mas me vem um cidadão Que me diz desconfiado: Cê tá ai admirado, ou tá querendo roubar? Meu domingo está perdido Vou pra casa entristecido Dá vontade de beber E pra aumentar meu tédio Eu nem posso olhar pro prédio Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço? Eu também trabalhei lá Lá eu quase me arrebento Fiz a massa, pus cimento Ajudei a rebocar Minha filha inocente Veio pra mim toda contente: Pai, vou me matricular Mas me diz um cidadão: Criança de pé no chão aqui não pode estudar Essa dor doeu mais forte Nem sei porque deixei o norte Então pus a me dizer Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja, moço? Onde o padre diz amém Pus o sino e o badalo Enchi minha mão de calo Lá eu trabalhei também Mas ali valeu a pena Tem quermesse, tem novena E o padre me deixa entrar Foi lá que cristo me disse: Rapaz, deixe de tolice não se deixe amedrontar fui eu quem criou a terra enchi os rios e fiz as serras não deixei nada faltar hoje o homem criou asas E na maioria das casas Eu também não posso entrar
3 comentários:
Cidadão
Tá vendo aquele edifício, moço?
Ajudei a levantar
Foi um tempo de aflição, era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar
Hoje, dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me vem um cidadão
Que me diz desconfiado:
Cê tá ai admirado, ou tá querendo roubar?
Meu domingo está perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber
E pra aumentar meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Tá vendo aquele colégio, moço?
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Fiz a massa, pus cimento
Ajudei a rebocar
Minha filha inocente
Veio pra mim toda contente:
Pai, vou me matricular
Mas me diz um cidadão:
Criança de pé no chão aqui não pode estudar
Essa dor doeu mais forte
Nem sei porque deixei o norte
Então pus a me dizer
Lá a seca castigava
mas o pouco que eu plantava
tinha direito a colher
Tá vendo aquela igreja, moço?
Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Mas ali valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse:
Rapaz, deixe de tolice
não se deixe amedrontar
fui eu quem criou a terra
enchi os rios e fiz as serras
não deixei nada faltar
hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar
"Da lama ao caos
Do caos à lama
Um homem roubado
Nunca se engana"
(Chico Science)
Piabas...
Pedro Torres Filho
AmazingFriends.org
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